Antônio Candido, crítico literário com formação em
sociologia, assim escreve sobre as formas de solidariedade na vida social rural
do interior do estado de São Paulo (1948-1954): “Na sociedade caipira a
sua manifestação mais importante é o mutirão, cuja origem tem sido objeto
de discussões. Qualquer que ela seja, todavia, é prática tradicional. (…)
Consiste essencialmente na reunião de vizinhos, convocados por um deles, a fim de
ajudá-lo a efetuar determinado trabalho: derrubada, roçada, plantio, limpa,
colheita, malhação, construção de casa, fiação, etc. Geralmente os vizinhos são
convocados e o beneficiário lhes oferece alimento e uma festa, que encerra o
trabalho. (...) Um velho caipira me contou que no mutirão não há obrigação para
com as pessoas, e sim para com Deus, por amor de quem serve o próximo; por isso
a ninguém é dado recusar auxílio pedido.” (CANDIDO, A. Os parceiros do Rio
Bonito. 9. ed. São Paulo: Livraria Duas Cidades; Editora 34, 2001. p. 87-89.)
Com base no texto e nos estudos de Émile Durkheim sobre solidariedade, assinale
a alternativa que define a forma de solidariedade que prevalece no caso citado.
a) A
produção rural desenvolveu o mutirão como forma de solidariedade racional
baseada no cálculo econômico do lucro.
b) A
solidariedade tradicional que aparece na sociedade caipira, estimulada pelo
mutirão, fundamenta-se no modelo de organização do trabalho industrial.
c) A
produção rural recorre ao mutirão como uma forma de solidariedade orgânica,
sustentada na especialização das tarefas e na remuneração equivalente à
qualificação profissional.
d) O
mutirão pode ser caracterizado como uma forma de solidariedade mecânica, pois
se baseia na identidade por vizinhança e nos valores religiosos do grupo
social.
Nenhum comentário:
Postar um comentário