Minhocas acham tudo normal
Vito Giannotti
Começa
mais um ano: calor, cerveja, carnaval, futebol, novela, big brother e
até o papa virá ... Tudo normal. Tudo normal, não! Para os conservadores
pode até estar tudo certo. Para os revolucionários, não. Se os
primeiros continuam achando, como sempre acharam , que nada é possível
mudar porque a eles interessa que nada mude, para nós o Ano Novo traz a
brisa que nos incentiva a lutar por um novo mundo, um novo sistema.
O
pensamento conservador permeia a sociedade e faz com que muitos
reproduzam esta forma de ver o mundo. Por isso, é comum ouvirmos o
trabalhador mais simples, a quem mais interessam as mudanças, dizer nos
elevadores dos prédios das cidades: “É assim mesmo; sempre foi assim.
Fazer o quê?” O pensamento conservador faz com que as pessoas aceitem
tudo como está. “Não precisa mudar”. “Não dá para mudar”.
O
revolucionário, por sua vez, não aceita nada como definitivo, imutável,
“imexível”. Indigna-se com quase tudo e se dispõe a combater o que
considera errado. Muitos alimentam-se desta passagem dos anos para se
perguntar: “O que dá para mudar? O que precisa mudar? O que fazer?”
Primeiro passo: abrir os olhos
Há
dois grupos de jovens cariocas, um de funk, outro de rap, que adoro. O
MC Leonardo canta um funk com um refrão muito explícito: “Tá tudo
errado! Tá tudo errado!”. O Bonde da Cultura, grupo de jovens
revolucionários, num de seus raps, repete mais dez vezes: “Vamos
derrubar o sistema”.
É... mas para derrubar o
sistema e construir outro é preciso estar informado, de tudo. Saber
quantos pobres, pretos, favelados foram assassinados na noite de Natal
pela polícia a serviço do sistema. Não basta saber que a Índia é campeã
mundial de hanseníase, isto é, lepra. É preciso saber que o Maranhão
supera o índice da Índia e que aqui no Rio, no coração das futuras
Olimpíadas, há o município de São João de Merití que supera o índice do
Maranhão.
Na Venezuela de Chávez não há mais
analfabetismo. O mesmo na Bolívia com Evo Morales. E aqui no nosso país,
quantos analfabetos há? Analfabetismo não é normal. Conviver com o
racismo e o preconceito racial tão caro à elite escravagista que sempre
controlou o nosso país, não é normal.
E desde
quando é normal o salário mínimo ser dos mais baixos da América Latina e
a mídia, capitaneada pelo jornal O Globo reclamar de um aumento de R$ 4
além do valor estabelecido pelo governo, em 2012, para 2013?
Não
é normal. Assim como não é normal não ter nenhum torturador da Ditadura
de 1964 presos quando há generais ex-presidentes presos na Argentina,
Uruguai e Chile.
Segundo passo: se organizar
Ter
consciência é mesmo o primeiro passo. O seguinte é se juntar às
organizações existentes ou criar novas: partidos, sindicatos, centrais,
associações, uniões de jovens, de velhos, de rebeldes, de todo tipo de
inconformados e forçar mudanças, de mil formas.
Mudanças
na vida prática, nas leis e na visão de mundo de milhares e milhares.
Para isso, precisa fazer mil coisas. Uma das principais é criar nossos
canais de comunicação. Sim, criar nossa mídia, cada vez melhor e mais
forte.
O ano de 2013 está aqui. Vamos domá-lo, que nem um cavalo bravo!
Mãos à obra. Brasil de Fato faz 10 anos. Parabéns! Vamos potencializá-lo, e que mais 10 conjuntos de comunicação de esquerda nasçam neste 2013.
Fonte: Jornal Brasil de Fato janeiro;2013
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